Páginas

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Alerta Máximo


A Bíblia está repleta de passagens que tratam da educação dos filhos, orientando que as crianças e os jovens precisam receber a ação disciplinadora dos pais - e hoje, por extensão, dos professores - para que cresçam na observância dos mandamentos divinos.
Pois vamos ao texto sagrado de Provérbios: "Corrija os seus filhos, e eles serão para você motivo de orgulho e não de vergonha". (29.17). "É bom corrigir e disciplinar a criança. Quando todas as suas vontades são feitas, ela acaba fazendo sua mãe passar vergonha". (29.15). "Eduque a criança no caminho em que deve andar, e até o fim da vida não se desviará dele". (22.6).
Assim poderíamos continuar fazer a varredura do texto bíblico e encontrar inúmeras passagens em que se faz referência à responsabilidade com a educação dos filhos, alertando os pais para que "não tratem seus filhos de tal maneira que fiquem irritados. Ao contrário, devem criá-los com disciplina e de acordo com os ensinamentos cristãos". (Efésios 6.4).
É compreensível que argumentemos mudanças históricas vividas pela humanidade desde aqueles tempos, com transformações profundas na educação e, especialmente, da criança, que passou a ser respeitada e vista como sujeito de direitos pertinentes à sua fragilidade e, portanto, merecedora de proteção.
Isto tudo é verdade, e toda esta evolução merece aplausos pelo respeito que a vida no seu frágil início passou a ter, criando-se mecanismos jurídicos e conscientização para que a infância fosse prioridade em qualquer sociedade.
Parece-me, porém, salvo melhor juízo, que saltamos de um extremo para outro, em que nos esquecemos de que, no dizer de Cazuza, "a disciplina traz a verdadeira liberdade". A exemplo da natureza, que necessita de podas, o ser humano precisa incorporar a noção de limites, sob pena de crescer numa equivocada visão de liberdade, que facilmente se transforma em prepotência.
Vivemos numa era em que cada um quer instalar-se com suas verdades, e qualquer atitude de estabelecer limites é interpretada como autoritarismo. Chega de desculpas, debitando isto à ditadura militar que o país viveu. Já vai longe esta época, e a primeira geração deste novo período de nossa história está chegando à fase adulta. Precisamos recuperar valores perdidos ou, no mínimo, ofuscados, sob pena de criarmos pequenos ditadores dentro de casa, que crescerão sem a noção de limites e perigosamente arrogantes.
Educação amorosa implica limites, não esqueçamos isto, em casa, na escola e na sociedade. E, se não assumirmos isto firme e amorosamente, outras instâncias da sociedade o terão de fazer, e aí o sofrimento será inevitável e imensurável. Eu venho de um tempo em que o olhar do pai era o suficiente para saber o que tínhamos de fazer. E não venham me dizer que era autoritarismo, porque tive pais muito afetuosos, e a nossa educação era balizada pelo respeito, disciplina, hierarquia e valores, com exercício de amorosa autoridade.
Me parece que é disto - com ajustes para nosso tempo - de que todos temos saudade. Com estes valores, educamos nossos filhos, e eles são hoje nossa alegria. E temos certeza de que cuidarão de nossa velhice, assim como fomos educados para cuidar de nossos amados pais. O único meio de criar homens livres, no dizer de Bilac, é educá-los; ainda não se inventou outra forma e, com certeza, nunca se inventará.
Quem ama seus filhos, educa-os na admoestação do Senhor, e aí se poderá desativar o "alerta máximo".

0 comentários: